E aí, meu chapa? Se liga nessa fita! A vida era massa demais pra uns cara como o James Bond, aquele 007, mó presença, e até pro Patolino, aquele pato boladão, visse? E os cara cabeça, tipo Newton, Nietzsche e essa galera toda? Tudo solteiro, meu rei! Os maluco nunca nem pensaram em entrar nessa furada de casar. Cê é doido, doido!

Como esses brabos aí, o Piolho de Cú aqui sempre quis ser da turma dos solteiros. Meus parça sonhando em casar, ter um guri correndo pela casa e lavar o carro ou a moto no fim de semana, mas eu? Tô fora, irmão. A parada parecia tão da hora que até o rei Henrique VIII tentou ser solteiro umas oito vezes!
Uai, sô, eu me imaginava todo na estica, de paletó e gravata, numa cobertura sinistra, tomando um destilado do bom, com um som na vitrola e uma gata arretada do meu lado, pronta pro o que der e vier. Mas qual é a real, meu chapa? A tão sonhada cobertura, é na verdade um Kit Net que tá é entulhado de toalha molhada, roupas sujas, ténis velho que já anda sozinha e caixa de cerveja vazia. Égua, maninho, que furada!
E tomar uma gelada de cueca e regata não tem o mesmo glamour, né não? E outra, que cobertura? Trampo no mercado jornalístico, um ninho de cobra cheio de cara casado e competitivo, com umas três pensão pra pagar. Assim não dá.

Melhor deixar a breja pra lá. Faz mal beber de bucho vazio. Mas a geladeira tá mais vazia que promessa de político, só tem chá de boldo. É, solteiro pode jantar fora toda noite, mas o Piolho aqui anda meio duro, sacou? Gastei a grana toda em 121 pares de meia e 121 cuecas. Ligeiro, né? Assim só preciso lavar roupa três vezes por ano. (Se tu fez a conta, viu que vai faltar pra dois dias… nessas horas, umas borrifada de desodorante resolve o problema, até na camiseta, suave na nave).
Pra economizar, tô na missão de cozinhar em casa. Mas vai fazer uma omelete com chá de boldo e papelão pra ver se o bagulho não fica louco.
A culinária de solteiro é arte, meu rei. A arte da gambiarra! Se cozinhar pra você é botar fogo nas paradas e fazer uma zona, então a diversão é garantida. Agora, se tu pensa nisso como “alimentação”… aí o bagulho fica sinistro.
Felizmente, salsicha, cerveja e batata chips têm todos os nutrientes que um solteiro precisa (eu acho). Tenho minhas especialidades, tá pensando o quê? Sanduba de salsicha esturricada é uma delas (quando o gás acaba, o ferro de passar vira churrasqueira, fi!). A outra é a omelete “salva-nóis”. A receita é moleza: pega tudo que tá pedindo arrego na geladeira, joga dois ovo e frita até o bagulho parar de se mexer. Trem bão demais da conta, sô!

Cozinhar é um negócio complicado. Na dúvida, taca na frigideira e bota pra torar! A dieta oficial do solteiro são as fritura. O resto é só controlar os danos com molho de pimenta e uns antiácido pra não dar PT.
Na cozinha, é bom ter uns utensílio chave. O liquidificador é da hora pra fazer umas batida de fruta que as mina acha que não tem álcool e acaba virando o copo. E um extintor de incêndio é sempre bem-vindo.

A geladeira é a rainha do cafofo. Só precisa de um trato de vez em quando. É fácil saber quando a comida estragou: se o leite, o queijo e a carne começarem a ficar coloridos, é hora de dar um pé na bunda deles. A geladeira ainda serve pra conservar cigarro, filme e até roupa. O ideal é ter umas três: uma pra cerveja, outra pra comida e outra pras roupas ficarem geladinhas no verão. Barbaridade, tchê!
Pra dar um up na comida, usa uns tempero. Ketchup vai em tudo. Mostarda serve pra cortar a onda do ketchup. Limão faz o peixe parecer que nasceu em árvore. Orégano deixa qualquer gororoba com gosto de pizza. Iogurte? Vira creme de barbear. E alho mantém os vampiros – e o resto da humanidade – longe de você.
Os casados acham que a gente passa o tempo livre marcando rolê com umas seis namoradas, mas a real é que a gente passa o tempo tirando o pó da casa. Com uma camiseta. Ou pensando numa desculpa pra não fazer isso.
Se a vida de solteiro ensina alguma coisa, é encarar a realidade. E ela é cruel, meus amigos. Porque ser solteiro significa virar uma dona de casa. Daquelas bem relaxadas.

Mas tudo tem seu lado bom, oxente. Hoje eu vejo o papel da mulher com outros olhos. É com muito respeito que eu peço conselho pras minhas amigas: “Alô, mainha? Qual foi? Tem um bicho verde crescendo no pão aqui, que que eu faço com essa parada?”
Deve ter uma filosofia pra escapar desse destino, mas até hoje ninguém inventou. A pergunta que não quer calar é: de quanto em quanto tempo a casa precisa de um limpa? A resposta é simples: uma vez a cada namorada nova. Depois de uns encontros, ela pode conhecer teu verdadeiro eu… e a poeira também. A real é que o melhor jeito de limpar a casa é contratar alguém. O problema é que a coitada não aguenta o tranco e vaza.
Então, pra segurar a faxineira, foca na manutenção preventiva. Joga fora tudo que for mais difícil de lavar do que você. E se der pra escrever seu nome na poeira, joga fora também, porque tu não tá usando.

Pra dar aquele migué de limpeza, taca um spray perfumado no ar. Fica parecendo que a casa tá um brinco. E se tu inverter o aspirador de pó, pode soprar a poeira toda pra fora de casa. É mais fácil e não precisa esvaziar o saco. Bagulho é doido!
Se liga nas dicas do Piolho pros cômodos:
Cozinha: Se não vier com uma loira gata de avental, o jeito é ser minimalista. Não suja a louça. Usa prato descartável. Uma frigideira já tá de bom tamanho, quase não precisa lavar.
Sala de Jantar: Deixa quieta. Tu vai jantar na cozinha mesmo.
Banheiro: Aqui a escolha é tua: ou limpa o banheiro ou se limpa. Escolhe você, meu irmão. Nenhuma mulher vai no teu apê pra beijar a pia, oxe. Pra privada, joga dois Alka-Seltzers, espera 20 minutos, esfrega e dá descarga. É científico, fi!
O principal motivo pra ter um lar é o encontro amoroso. O esquema perfeito tem três etapas:
- Os drinks
- O jantar
- A desculpa oportuna. É o caô que tu manda pra mina não ir embora. Geralmente é um convite pra ver um filme do Almodóvar, mas com sorte, vocês nem chegam no final.
O mais importante é a preparação. As mulheres curtem pensar que todo solteiro é um menino perdido. Elas acham adorável a gente não saber se cuidar. Então, deixa o apê naquela bagunça que elas imaginam que seja. Em outras palavras, arruma a casa, mané! Arrume a cama também, por mais estranho que pareça. Pega bem. E pra fechar com chave de ouro, dá um toque inusitado. Pendura umas gravatas na alça da geladeira. Joga o paletó no chão. É isso que elas querem dizer com “o lugar era chocante”. Massa demais, mainha!